quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

VENTOS



Entra aqui para melhor compreenderes as dificuldades da navegação à vela.


segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

DOBRAGEM DO CABO BOJADOR


Antes de mais, caros amigos, vamos lembrar-nos do que era o Mundo conhecido no início do séc. XV, para tentarmos perceber a dimensão da coragem de quem se atreveu a enfrentar o desconhecido e para nos não rirmos dos medos de quem se não atreveu. Para isso apresento-vos um mapa já vosso conhecido mas que, aqui, podeis ver em tamanho grande (basta clicar sobre a imagem)


Que salta à vista? O desconhecimento!Provavelmente, sabemos hoje mais sobre o Universo do que sabíamos sobre a Terra no Séc. XV! Mas houve quem se não conformasse em não saber e houve quem se vestisse de coragem e avançasse. Todos somos devedores desses Homens. E eram portugueses! Escutemos a voz do tempo, que é a do cronista Gomes Eanes de Zurara:

[O Infante D. Henrique] tinha vontade de saber a terra que ia além das ilhas Canárias, e de um cabo que se chama do Bojador, porque até àquele tempo, nem por escritura nem por memória de nenhuns homens, nunca foi sabido determinadamente a qualidade da terra que ia além do dito cabo.

(…) E porque o dito senhor quis disto saber a verdade (…) mandou contra aquelas partes seus navios, para haver de tudo manifesta certidão, movendo-se a isso por serviço de Deus e del-Rei D. Duarte seu senhor e irmão, que àquele tempo reinava. E esta até que foi a primeira razão de seu movimento.

(…) O Infante (…) começou de aviar seus navios e gentes, (…) mas tanto que para lá enviasse muitas vezes (…) homens [treinados na guerra], nunca foi algum que ousasse de passar aquele cabo do Bojador para saber a terra de além, segundo o Infante desejava.

(…) «Como passaremos – diziam eles – os termos que puseram nossos pais, ou que proveito pode trazer ao Infante a perdição de nossas almas juntamente com os corpos? (…) É claro – diziam os mareantes – que depois deste Cabo não há gente nem povoação alguma; a terra não é menos arenosa do que os desertos da Líbia, onde não há água, nem árvore, nem erva verde; e o mar é tão baixo, que a uma légua de terra não tem de fundo mais do que uma braça. As correntes são tamanhas, que navio que lá passe, jamais poderá tornar? (…)»

E finalmente, depois de doze anos, fez o Infante armar uma barca da qual deu capitania a um Gil Eanes seu escudeiro, (…) o qual seguindo a viagem dos outros, tocado daquele mesmo temor, não chegou mais que às ilhas de Canária, donde trouxe certos cativos com que se tornou para o reino. E foi isto no ano de Jesus Cristo de mil quatrocentos e trinta e três.

Mas logo no ano seguinte, o Infante fez armar outra vez a dita barca, e, chamando Gil Eanes de parte, o encarregou muito que todavia trabalhasse de passar aquele Cabo (…) como de feito fez, menosprezando todo o perigo, dobrou o Cabo a além, onde achou as coisas muito pelo contrário do que ele e os outros até ali presumiam.
– « E porque, senhor, – disse Gil Eanes –, me pareceu que devia trazer algum sinal da terra (…) apanhei estas ervas que aqui apresento a Vossa Mercê, as quais nós em este reino chamamos rosas de Santa Maria».

E acabado assim o recontamento de sua viagem, fez o Infante armar um barinel, no qual mandou Afonso Gonçalves Baldaia que era seu copeiro, e assim Gil Eanes com sua barca, mandando que lá tornassem outra vez, como de feito fizeram e passaram além do cabo cinquenta léguas, onde acharam terra sem casas e rastro de homens e de camelos.

Gomes Eanes de Zurara, Crónica de Guiné, cap. VII-IX







RESPONDE,UTILIZANDO PALAVRAS TUAS:

1 – Quem é o responsável por tomar a iniciativa dos Descobrimentos?

2 – Enumera os motivos que o Infante D. Henrique tinha para mandar avançar mar dentro.

3 – Enumera os motivos que eram apresentados ao Infante para se não avançar para lá do Cabo Bojador.

4 – Quem eram os homens enviados pelo Infante?

5 – Quantas tentativas foram feitas para dobrar o Cabo Bojador?

6 – Quem dobrou o Cabo Bojador? Em que data?

7 – Como se dizia que seria a terra além do Bojador?

8 – Como era a terra que foi descoberta?

9 - Quem fez a segunda viagem? Em que data? Com que navios? Até onde se descobriu, sabendo-se que a légua marítima corresponde, mais ou menos, a 5Km?

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Nota: Já agora, ficas a saber que os navegadores da segunda viagem chamaram Angra dos Ruivos à baía onde desembarcaram. Deram-lhe esse nome devido ao grande número desses peixes (os ruivos) que lá existiam.